Prólogo

É aquela velha história…
Vampiros fingindo ser humanos fingindo ser vampiros…

Mas a maioria dos missivistas estão mortos…
O Theatre des Vampires há muito desfeito… — Nada poderia ter sido tão maravilhoso como Arte e repugnante como Conceito Ideológico…
Os Antigos dormem, ou apenas perderam o interesse pelo que tem Substância Material… — Recuso-me a falar dos que enlouqueceram…
Os que se fizeram de Heróis, um dia, foram tragados por uma Escuridão de Dúvidas e abarcados pelo que se revela sem abandonar o seu Mistério… — O Desespero Silencioso é um dos acometimentos mais terríveis sobre qualquer tipo de existência.




Então eu não estou aqui para ser herói, ou qualquer coisa assim… Eu sou um Pretexto para a Poesia… foi assim que fui concebido… foi assim que consegui manter alguma Sanidade…
Não que eu seja imune aos Lépidos Desesperos Devoradores de Alma… mas eu sempre fiz de tudo para me manter em movimento, no fluxo das coisas, desde antes de ser entregue ao Irremediável Poder das Trevas… — um dia eu conto essa história…
É por isso que eu continuo… e vou continuar até que o Sol devore este nosso Planetinha, vocês vão ver. E se quiserem ver mesmo… bom… vão ter de implorar por uma mordida…

domingo, 10 de outubro de 2010

Admirável Mundo Novo… (Parte XV) — A História de Órion… (Parte VII) — O Caçador Menino…

— Vê! Eles vieram de Damaskus na Syria. Eu conheci um adestrador excêntrico, um tanto quanto místico demais, porém eu vi os seus métodos em prática e realmente funcionam! E vê! Esses cães mais parecem lobos!!!

— Bom, eu só conheço lobos por gravuras, mas se dizes…

— Hyron, eu sei. Estás pronto para partir com a expedição. Mas eu quero que faças uma coisa antes.

O jovem Órion, então, sorriu largamente apenas com um lado da boca:

— Caçar os malditos chacais!

Mikos não conteve uma boa gargalhada:

— Que ótimo que estás animado! Escolhe dois deles; um macho e uma fêmea, para que procriem.

— Syrius e Maera — disse apontando entre os vários cães, batizando-os. — Eles me escolheram! — sorriu ao pai. — Mas por que disseste que tal adestrador era excêntrico… e místico?

— Porque os cães vão te obedecer fielmente e intuitivamente… desde que carregues isto contigo! — Mikos deposita um saquinho de couro macio na palma da mão de seu filho.

— E o que há dentro disto?

— O adestrador não disse. Mas disse para que não seja aberto em hipótese alguma! — Mikos fez uma cara de divertimento estranha e depois de alguns instantes soltou os cães de suas respectivas jaulas.

Syrius sentou-se à direita do jovem Órion, e Maera à esquerda. Ele abaixou-se enlaçando ambos com os braços e acariciando-os esquivou das tentativas de o lamberem no rosto. Então correu como se criança ainda fosse, e de longe se virou com os cães latindo de excitação na corrida:

— Obrigado, meu pai!

Mikos permaneceu no meio do tempo, no meio da história, no meio daquela tarde ensolarada de uma ilha repleta de peculiaridades… Um escudo de bronze brilhava em sua mão numa ilha repleta de mistérios… Um escudo com marcas de dentes terríveis.



O que será que um pai pensa ao mandar um filho para a morte? Através dessa criação imaginética que Órion me proporcionava de seu passado, eu me agarrava em alguma cognição com receio de me perder em um tempo que jamais me pertencera. Pois eu não estava também sob aquele sol? Ah, poderosa mente vampiresca! Pedi secretamente que Rodin me fizesse estátua novamente. E Órion, quase rindo do meu vacilo, apenas continuou a sua história… … …



“Modelar uma estátua e dar-lhe vida é belo; modelar uma inteligência e dar-lhe verdade é sublime.”
[HUGO, Victor.]

Nenhum comentário:

Postar um comentário