Prólogo

É aquela velha história…
Vampiros fingindo ser humanos fingindo ser vampiros…

Mas a maioria dos missivistas estão mortos…
O Theatre des Vampires há muito desfeito… — Nada poderia ter sido tão maravilhoso como Arte e repugnante como Conceito Ideológico…
Os Antigos dormem, ou apenas perderam o interesse pelo que tem Substância Material… — Recuso-me a falar dos que enlouqueceram…
Os que se fizeram de Heróis, um dia, foram tragados por uma Escuridão de Dúvidas e abarcados pelo que se revela sem abandonar o seu Mistério… — O Desespero Silencioso é um dos acometimentos mais terríveis sobre qualquer tipo de existência.




Então eu não estou aqui para ser herói, ou qualquer coisa assim… Eu sou um Pretexto para a Poesia… foi assim que fui concebido… foi assim que consegui manter alguma Sanidade…
Não que eu seja imune aos Lépidos Desesperos Devoradores de Alma… mas eu sempre fiz de tudo para me manter em movimento, no fluxo das coisas, desde antes de ser entregue ao Irremediável Poder das Trevas… — um dia eu conto essa história…
É por isso que eu continuo… e vou continuar até que o Sol devore este nosso Planetinha, vocês vão ver. E se quiserem ver mesmo… bom… vão ter de implorar por uma mordida…

terça-feira, 23 de junho de 2009

Admirável Mundo Novo… (Parte II)

Ergui-me dos Mares como um Poseidon de Asas Invisíveis; como um projétil lançado de dentro dos Mares. Faminto. Não por sangue, claro. Eu tinha acabado de fazer um banquete exótico e… poderia eu usar o termo: Rejuvenescedor? Bom… no mínimo afrodisíaco. Eu estava de forças renovadas e deveras excitado e faminto por coisas novas…

Na Superfície havia um belo presente para mim; Diana em sua melhor vestimenta, o fino Manto Dourado… A Lua na altura do horizonte, completa, enorme e ornada de ouro. Cessei tão repentinamente o movimento de vôo que cada gotícula de água que insistia em se agarrar a mim foi arremessada para cima, no mesmo instante que uma forte corrente de ar, como se fosse um beijo de Diana soprado para seu Endímion, jogou meus cabelos para trás, fazendo-os esvoaçar em cachos e livrando meu rosto pálido, como que para ser admirado. — Não seria assim que Posseidon se ergueria dos Mares?!

Mas era eu quem estava hipnotizado. Aquele momento tem um nome… ele se chama Pureza. Enquanto minha excitação atingia níveis altíssimos… pura Vesânia me roubando de mim mesmo. Então… é assim que eu digo que algo novo pode ser conseguido com um fechar e abrir de olhos novamente… É claro que eu sempre tive um fascínio pela Lua, mas como disse, dessa vez foi pura Vesânia, e foi assim que toda a sandice das idéias que vou contar a seguir começou.

Eu passei aquela noite inteira pairando no ar, nu, imóvel, no meio do nada observando a Dança de Diana, lentamente girar e subir ao zênite se despindo do Manto Dourado para mim. Mas antes de seu ocaso pude sentir a presença de Apolo se aproximando, como se enciumado por saber de meus desejos por sua casta irmã, puxando A Carruagem do Sol e Os Sinos do Inferno.

“Ó Diana, Divina Intocada, serás minha!”, foi o que eu disse antes de sumir da Logo Face Toda Iluminada da Terra…

continua…



Diana: Mitologia Greco-Romana: Deusa da Lua, virgem caçadora sempre cercada de ninfas e infalível arqueira. Filha de Zeus e irmã de Apolo.

Endímion: Mitologia Greco-Romana: “Endímion era um belo rapaz que apascentava seu rebanho no monte Latmos. Numa noite tranquila e clara, Diana, a lua, viu-o dormindo. O frio coração da virgem deusa aqueceu-se à vista daquela beleza inexcedível, de tal modo que ela se inclinou, beijou-o e ficou a observá-lo enquanto dormia. Outra história é a de que Zeus dotou-o com o dom da juventude perpétua, juntamente com o dom do sono perpétuo. De alguém que tinha esses dons não teremos tantas aventuras a narrar. Conta-se que Diana cuidou para que sua vida sedentária não prejudicasse a sorte de Endímion, pois fez seu rebanho aumentar, o que o protegia contra as feras. A história de Endímion tem um encanto peculiar, pois revela importantes significações do humano. Vemos nele um jovem poeta, sua imaginação e seu coração procurando em vão por aquilo que pode o satisfazer. A hora predileta de Endímion é aquela do luar silencioso, pois é sob os raios brilhantes da lua que ele alimenta a melancolia e o ardor que o consomem. A história remete ao amor poético com as suas aspirações, uma vida vivida mais nos sonhos do que na realidade, e uma desejada morte prematura.” [BULFINCH, Thomas. O Livro de Ouro da Mitologia.]

Vesânia: Nome comum às várias espécies de alienação mental.

Apolo: Mitologia Greco-Romana: Deus do Sol. As histórias contam ser ele o único a ser capaz de dirigir a Carruagem Chamejante do Dia. E que nem mesmo Zeus, de cujo terrífico braço direito são lançados os raios, pode fazê-lo. A carruagem é puxada por ardentes cavalos que soltam fogo pela boca e narinas, e o próprio Apolo assume ser muito difícil de guiá-los quando ariscos e resistem ao comando das rédeas.

Os Sinos do Inferno: Faz menção a um alerta velado em que um vampiro pressente a aproximação do Sol, algo bem sutil, mas que incomoda deveras os mais jovens. Geralmente é um momento silencioso, pouco antes dos pássaros começarem sua Orquestra da Fome. É um sentido importante quando se tem sangue novo nas veias.

sábado, 20 de junho de 2009

Um Portal entre a Barreira do Som e do Silêncio…

Desculpe a demora…
…Mas não! Eu não estive enterrado desta vez…
…O completo oposto! Estive voando por aí…
…Voando por aí como um Raio Vermelho…
…Rasgando minhas roupas no Silêncio que reside além da Barreira do Som…

A Deusa do Silêncio é uma de minhas favoritas… e a tentação de pronunciar o seu belo nome pode por tudo a perder… e mesmo além daquela barreira não ouso. Eu… que sempre me disse um homem da Ciência contra qualquer tipo de Superstição! — rio-me. Rio de mim mesmo! Veja!!! Eu sei fazer isso. Sempre soube, não?! Sim! Está aqui mais um Estratagema da Existência Secular.

E é Nu que me sinto Divino… humpf!, Divinamente Demoníaco, ou melhor: Um Titã! — Divinamente Demoníaco… percebes tu que sempre sustento isso como um Pensamento Dominante: que minha Simples Existência é a participação do Mal?! — E não foi essa a razão ,ou loucura, da imolação de muitos? E não são os Antigos os mais suscetíveis a isso? E não foi com minhas andanças pela antiga “Djón küo” que aprendi a afirmar com interrogativas? Mas essa é uma outra história… — Bom… voltando ao assunto: Participação do Mal. Mas e daí?! Vou me atirar ao Sol por isso?! — Sim! Eu fiz isso, mas não deu certo, tu sabes… Rio-me novamente. — Mas a conclusão é bem simples, irmã incestuosa do Sangue e do Tempo: Se não podes morrer… VIVA! — Neste ponto minha gargalhada é aquela metálica… ecoativa…

Somos uma Regra Quebrada? Sim! Somos uma Conexão Indecorosa entre a Vida e a Morte? Respondas tu! — Esta pergunta é um demônio disfarçado, cuidado! — Porém eu fiz o meu caminho. Eu estabeleci para mim um lugar na ordem das coisas. Ao menos eu trabalhei um conceito assim. Então meu nome do meio hoje é Portal. E Zeus e Cronos terão de dar as mãos para me tirar daqui!!!


“Djón küo”: Os chineses pronunciam o nome de seu país assim e significa: "País Central". Essa é a grafia em chinês simplificado: 中国.

Zeus e Cronos: Mitologia Greco-Romana: A história de Cronos (pai) e Zeus (filho) é marcada por despotismo e rebelião. Fora profetizado a Cronos que um de seus filhos acabaria por tomar o seu lugar, destarte, Cronos não hesitava em devorar cada filho seu ao ser concebido. Réia (mãe) conseguiu salvar o pequeno Zeus desse destino logrando Cronos. Zeus, então, pode crescer e casou-se com Métis (Prudência), que preparou uma poção para Cronos, fazendo-o regurgitar todos os filhos engolidos. Zeus, com a ajuda de seus irmãos, rebelou-se contra Cronos e os outros titãs, derrotando-os. Alguns foram atirados no Tártaro (inferno), outros receberam outros castigos. Atlas, por exemplo, foi condenado a sustentar o céu em seus ombros. Zeus também fora alertado profeticamente por Prometeu (um titã), que, um dia, um de seus filhos tomaria seu trono no Olimpo. Contam as histórias que Aquiles poderia ter sido esse filho se Zeus tivesse se casado com a Nereida (ninfa dos mares) Tétis (mãe de Aquiles). Mas essa é uma outra história…