Prólogo

É aquela velha história…
Vampiros fingindo ser humanos fingindo ser vampiros…

Mas a maioria dos missivistas estão mortos…
O Theatre des Vampires há muito desfeito… — Nada poderia ter sido tão maravilhoso como Arte e repugnante como Conceito Ideológico…
Os Antigos dormem, ou apenas perderam o interesse pelo que tem Substância Material… — Recuso-me a falar dos que enlouqueceram…
Os que se fizeram de Heróis, um dia, foram tragados por uma Escuridão de Dúvidas e abarcados pelo que se revela sem abandonar o seu Mistério… — O Desespero Silencioso é um dos acometimentos mais terríveis sobre qualquer tipo de existência.




Então eu não estou aqui para ser herói, ou qualquer coisa assim… Eu sou um Pretexto para a Poesia… foi assim que fui concebido… foi assim que consegui manter alguma Sanidade…
Não que eu seja imune aos Lépidos Desesperos Devoradores de Alma… mas eu sempre fiz de tudo para me manter em movimento, no fluxo das coisas, desde antes de ser entregue ao Irremediável Poder das Trevas… — um dia eu conto essa história…
É por isso que eu continuo… e vou continuar até que o Sol devore este nosso Planetinha, vocês vão ver. E se quiserem ver mesmo… bom… vão ter de implorar por uma mordida…

sábado, 24 de outubro de 2009

Admirável Mundo Novo… (Parte VII) — A Gravidade da Questão…

A gravidade é doce. É como ser suavemente puxado para a alcova dos amantes; um convite. A gravidade sussurra: “Vem…”, toco o solo mais do que gentilmente, cerimoniosamente. Qualquer marca que fizesse poderia ficar lá para sempre. Para sempre… tal coisa definitivamente não existe! …senão enquanto acreditarmos… enquanto acreditarmos que o para sempre é agora.

A gravidade é doce. Como se eu trouxesse a própria Lua ao meu alcance ao me abaixar para tocar o solo com minhas mãos; meu vício da textura.

Sentado à orla do meu Admirável Mundo Novo, velho mundo ganha uma conotação mais abrangente.



Na posição do Le Penseur, eu era a inspiração para uma nova versão; Le Vampire Penseur:






Por vezes é necessário
afastar-se da humanidade
para ser mais humano…

Por vezes é necessário
deixar de ser humano
para entender a humanidade…

Um por vezes constante
torna-se um sempre…
Um hábito da eternidade!

E para sempre
mais humano que humano…
mas ainda parte da Natura?


Sentado à orla dos meus pensamentos, eu procurava um sentido para tudo aquilo, um sentido que transcendesse o simples momento de tamanha beleza. Então te senta ao meu lado. Pensa que isso também é teu: o momento. Pensa que tudo isso é teu: nossas esferas dançantes. Pensa em tudo o que está sendo feito lá. Quem de nós será o primeiro a rir, ou a chorar?

Sentado à orla de um abismo infinito. Para baixo, para cima… são conceitos tão sem valor por aqui; padrões da limitação humana. É mister para os humanos que tudo caia para baixo… A gravidade na Terra é um demônio que puxa os pés das criancinhas e sussurra em seus ouvidinhos: “…não podes voar…”; um padrão imposto da limitação humana, e assim elas crescem. Os humanos acreditam tão facilmente nos demônios! Antes acreditassem em si mesmos; mas maldito o homem que confia no homem.

A raça humana atualmente é sinônima de desperdício. Humanos desperdiçam. O verbo é intransitivo para sujeitos humanos. Talvez o passado de milhares de anos da fatídica luta diária pela sobrevivência tenha gerado esse padrão comportamental de um cão que devora em desespero e engole quase sem mastigar tudo o que lhes couber no prato mesmo quando há fartura.

E quando não há prato, nem comida, ainda há barro seco misturado com um pouco de sal e manteiga para comer. E eles devoram em desespero e engolem tudo quase sem mastigar no meio de uma guerra sem sentido; ó padrão da limitação humana. Daqui eu vejo a fome e sua boca enorme. Daqui eu vejo a guerra e suas garras afiadas.



Às vezes me sinto como Akasha… querendo acabar com a fome eliminando os famintos; querendo acabar com a guerra destruindo tudo. É como ensinar uma criança a não ser agressiva batendo nela. Akasha podia até ter feito a coisa funcionar, mas ela quis zerar o contador da raça humana já com milhares de anos de conta… Ela quis apagar o que não se pode delir: O Tempo. E qualquer intervenção não deve cair diretamente sobre os humanos, mas sim sobre esse padrão da limitação humana, esse paradigma da humanidade, esse demônio milenar que paira sobre suas cabeças…

…e sobre a minha cabeça algo me atira de cara na superfície do satélite; “meteorito?”, pensei. Mas metros e metros de inércia e então o atrito deixando, para sempre, marcas… mais em mim do que no solo…

…no solo…
…no solo… …perdendo…
…no solo… …perdendo… …a consciência…


“Aquele que um dia ensinar os homens a voar deslocará as barreiras; fará saltar todas as barreiras, dará à Terra um nome novo, chamar-lhe-á ‘a Leve’.”
[NIETZSCHE, Friedrich W. Assim Falou Zaratustra. "Do Espírito de Gravidade"]


Le Penseur: O Pensador é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna. Originalmente chamado de O Poeta, a peça era parte de uma comissão do Museu de Arte Decorativa em Paris para criar um portal monumental baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Cada uma das estátuas na peça representavam um dos personagens principais do poema épico. O Pensador originalmente procurava retratar Dante em frente dos Portões do Inferno, ponderando seu grande poema. A escultura está nua porque Rodin queria uma figura heróica à la Michelangelo para representar o pensamento assim como a poesia.

Akasha: Sob a descrição: “Quase linda demais para ser verdadeiramente bela, por sua beleza superou qualquer senso de majestade ou mistério profundo.”, tornou-se o primeiro vampiro nas Crônicas Vampirescas de Anne Rice. Em A Rainha dos Condenados tenta impor uma nova ordem mundial e matar 90% dos homens do mundo, alegando que eles são a causa da desgraça de toda a Terra, assim, podendo erigir um novo Éden, no qual cada mulher reinaria, com Akasha entronada como deusa eterna e com Lestat ao seu lado. Debaixo de sua beleza física, Akasha sempre foi uma pessoa fundamentalmente sombria, vazia, niilista, sem senso de moralidade, ética, ou de compaixão humana, e suas ações foram quase sempre baseadas em sua insaciável necessidade de preencher seu vazio interior, mesmo antes de se tornar um vampiro. Akasha também é a palavra em sânscrito correspondente a Aether, que é a divindade grega que personifica o céu ou os ares elevados respirados pelos Deuses do Olimpo, filha de Erebus e da Noite ou do Caos e da Escuridão.

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